Seus primeiros anos de vida não seriam tão difíceis assim. Por ser de família milionária, desfrutaria de todo o conforto e mordomia. Estudaria em escolas de primeira linha. Teria os melhores professores. Mas nem sempre seus dias fariam muito sentido. Duvidas, sensações e inúmeras questões seriam suscitadas em Anytta, no decorrer de sua infância e adolescência, como se existissem dentro dela várias personagens vivendo quase que ao mesmo tempo. Contudo, só começaria a entender tais sentimentos e a resolver as interrogações perturbadoras e quase enlouquecedoras quando atingisse os seus dezenove anos.
A perda de seus progenitores era o passo inicial para o encontro consigo mesma e tudo que existia dentro de si. Havia muito a ser descoberto, vivido e combatido. Aquela menina ingênua, meiga, carinhosa e generosa, carregava consigo diferentes personalidades e temperamentos, que só começariam a se manisfestar de fato, após a partida de seus pais.
Era impossível não confrontar-se com esses seres cada dia mais ativos dentro dela. O combate se tornara inevitável. A cada noite uma guerra era travada com inúmeros seres e personalidades nas mais diferentes formas. E a cada batalha ela demonstrava uma mistura de sentimentos e sensações, desejos e reprimendas. Vidas e mais vidas eram perdidas e ganhas ao fim de cada batalha. Com os enfrentamentos e as lutas experienciadas e travadas por Anytta, ela amadurecia mais e mais, se tornando cada dia mais forte e mais persistente. O medo dava lugar a coragem e preenchia cada vez mais o seu ser. A menina estava se tornando mulher. Contudo, seus segredos... não podiam ser revelados, ainda.